James Hansen, ex-cientista da NASA e um dos maiores nomes da conscientização sobre a mudança climática, afirmou que devemos tomar medidas mais drásticas e urgentes pois o aquecimento global está mais avançado do que imaginávamos.
Durante uma conferência, Hansen disse que na última vez que o planeta estava tão quente, os níveis dos oceanos eram metros superiores aos de hoje. Isso foi há 125 mil anos.
Para o cientista, o maior problema é que se acredita que com avanços de sustentabilidade nas matrizes elétricas, popularização de carros elétricos e atitudes parecidas, tudo ficará bem.
“Há uma ideia errônea. […] que é baseada no Acordo de Paris onde todos os líderes governamentais bateram palmas para si mesmos como se um grande progresso tivesse sido feito, mas se você olhar para a ciência, as coisas não são assim. Não estamos fazendo o que é necessário”.
O acordo de Paris (COP21) estabeleceu que devemos limitar o aquecimento global a 1,5°C. Porém, Hansen e vários outros cientistas acreditam que isso não será possível a não ser que encontremos maneiras de remover o dióxido de carbono já presente na atmosfera.
Hansen foi um dos 12 autores de uma nova pesquisa que sugere que o planeta já está 1,3°C mais quente desde a revolução industrial. A pesquisa diz ainda que as concentrações de dióxido de carbono, metano, e óxido nitroso estão acelerando nós últimos anos.
Possíveis soluções
Existem maneiras de conseguir fazer essa remoção, disse Hansen em entrevista, mas que as propostas atuais custariam entre US$ 104 e US$ 507 trilhões apenas neste século, e mesmo assim possuem viabilidade incerta e riscos.
Ao invés disso, Hansen e seus colegas sugerem que há outras maneiras mais eficazes. O solo do planeta atualmente armazena três vezes mais carbono que a atmosfera. Porém, podem existir técnicas que permitam o solo armazenar ainda mais, e assim “sequestrar” a maior parte das emissões de combustíveis fósseis já feitas.
Este estudo, publicado na Atmospheric Chemistry and Physics, foi em parte realizado para apoiar o processo judicial que tramita em todos os 50 Estados americanos. O processo alega que os governos estão violando os direitos constitucionais dos jovens ao negligenciar as mudanças climáticas.
Hansen não está sozinho em achar que as estimativas das Nações Unidas e outras agências internacionais e nacionais são muito conservadoras. Alguns, inclusive, acreditam que catástrofes globais já são inevitáveis.
Se as estimativas do estudo estiverem corretas e medidas apropriadas não sejam tomadas, cidades como Rio de Janeiro, Nova York e tantas outras podem estar submersas até 2100, além de outros desastres previstos e imprevistos, conforme aponta um outro estudo independente, publicado na Nature Climate Change.