Consórcio é uma reunião de pessoas com um objetivo em comum. Se a definição é etimologicamente simples, na prática os consórcios ainda deixam muitas dúvidas no público geral.
Famosas nas décadas de 1980 e 90, onde muitas pessoas enriqueceram comprando e vendendo cartas de consórcio, nos últimos tempos perderam espaço para os financiamentos.
Uma das explicações para o sucesso do consórcio na época eram os juros altos (que chegavam ao triplo do que temos hoje) e a inflação que castigava à todos e fazia o valor das cartas de crédito aumentar diariamente, possibilitando a revenda com lucro.
Será que o momento dos consórcios está voltando?
O que são consórcios e para que servem?
A reunião de pessoas que mencionamos é o símbolo dos consórcios também na prática. Pensemos assim: cerca de 100 pessoas desejam comprar um carro que custa em média R$50.000,00, mas nenhuma delas possui este valor no momento. Porém, todas elas conseguem guardar R$1000,00 por mês para tal fim.
Caso essas pessoas se juntem com o objetivo em comum, todos os meses (nos próximos 50 que virão), um carro poderá ser comprado, certo?
E para ficar justo, a cada mês esse carro será sorteado entre os 50 consorciados, que um a um realizam seu sonho. 49 deles conseguirão o carro antes dos 50 meses, e apenas um terá que aguardar o prazo “normal” para realizar seu sonho.
Após nosso exemplo prático, vamos conferir alguns aspectos técnicos do produto: além de veículos de todos os tipos (automóveis, caminhões, motocicletas, aeronaves, entre outros), imóveis e até mesmo serviços podem ser adquiridos por meio de consórcios, como pacotes de viagens ou a realização de grandes festas.
Ao conjunto de pessoas que resolvem se tornar consorciadas para adquirir um bem ou serviço, damos o nome de grupo. Aos eventos para sorteio dos bens adquiridos e discussão de outros aspectos e mudanças, chamamos de assembleias.
Os consórcios possibilitam a compra de motos, carros e casas para aqueles que não possuem dinheiro para entrada em um financiamento. Fonte: Consórcio SICOOB.
O que são as assembleias
Como vimos, as assembleias são realizadas mensalmente para a realização do sorteio do bem que contemplará um ou mais participantes do consórcio.
Um requisito básico para participar do sorteio é estar em dia com as parcelas do consórcio. Quem está em atraso fica de fora da concorrência até regularizar a situação.
Para garantir que os consorciados mais abastados que não desejam depender apenas da sorte para utilizar o bem objeto do consórcio tenham outra opção, é possível oferecer um lance.
De forma parecida com o que acontece em leilões, aquele consorciado que oferecer o maior lance da assembleia pode ser contemplado com o bem, independente do sorteio. O lance nada mais é do que uma antecipação de uma ou várias parcelas do consórcio.
Os consórcios cobram juros ou taxas?
Nos consórcios não existe a cobrança de juros que são comum dos financiamentos oferecidos por bancos e financeiras. Porém, a administradora do consórcio cobra uma taxa que varia de empresa para empresa. Normalmente a taxa é cobrada mensalmente com uma base anual, que varia de 6 a 20% do valor total do bem ao ano.
A maioria dos consórcios exige ainda o pagamento de um seguro de vida em benefício do grupo, o qual busca garantir a continuidade do consórcio mesmo em casos de fatalidades envolvendo os participantes. O bem contemplado será dado para os familiares sem nenhum custo adicional em caso de sinistro.
Outro percentual que o consorciado paga mensalmente junto à prestação é destinado ao fundo de reserva, que varia de acordo como valor da carta e da empresa administradora. Esse fundo busca cobrir eventuais gastos com participantes inadimplentes (advogados, empresas de cobrança,etc).
Ao ser contemplado, o que é preciso para receber o bem ou serviço?
As administradoras fazem exigências diversas na hora de entregar o bem ao consorciado sorteado ou vencedor do maior lance.
As empresas ligadas aos bancos costumam exigir a própria avaliação de risco do banco com resultado que demonstra a capacidade do consociado continuar pagando as prestações.
Já as corretoras menores exigem uma comprovação de renda de no mínimo 4 vezes o valor da prestação mensal, além de inexistência de restrições cadastrais.
Posso resgatar meu consórcio em dinheiro?
Sim. Porém, existem algumas exigências para tal. Caso você tenha sido contemplado por meio de sorteio, deverá fazer a solicitação do valor e aguardar 180 dias para recebê-lo. Se você esperou até o fim do consórcio e não foi contemplado, poderá esperar 60 dias e resgatar o valor.
Como via de regra, a carta de crédito pode ser usada de diversas formas, inclusive para dar entrada em um automóvel de maior ou menor valor (no caso de consórcio de carro) ou até mesmo como entrada de um imóvel de maior valor (como no consórcio de casa).
Uma carta de crédito pode ser usada até mesmo para ingresso em outro consórcio de maior valor. O bem objeto do consórcio e seu valor serve apenas como referência. Caso você adquira o famoso consórcio nacional Honda, destinado a aquisição de motos, por exemplo, poderá até mesmo usá-lo como entrada de um carro da marca ou de qualquer outra.
Consórcio ou financiamento?
Não há aqui uma resposta objetiva, pois dependerá muito da sua realidade financeira e necessidade.
Quem opta pelo financiamento, quase 100% das vezes arcará com um pagamento de juros muito maior do que a soma de taxa de administração, seguro e fundo de reserva de um consórcio. Isso é fato.
Porém, existem pontos muito importantes a serem considerados em favor do financiamento:
- Se você precisa de um veículo para trabalhar (seja como taxista, motorista do Uber ou para a frota de sua empresa) não terá tempo a perder para esperar um sorteio do consórcio de carro. Aqui o lucro da profissão poderá compensar os juros pagos no financiamento e tempo é dinheiro.
- Caso você resolva comprar um veículo zero quilometro, poderá contar com taxa de juros subsidiada pela montadora. Ou seja, algo abaixo dos bancos e muito próxima do que é cobrada por um consórcio. Fique de olho!
- No caso de consórcio de imóvel, os juros cobrados para moradias de baixo custo enquadradas em programas como o Minha Casa Minha Vida, podem ser muito menores do que as taxas de administração de consórcios. Caso seja seu primeiro imóvel e sua renda se enquadre no programa, geralmente o financiamento habitacional será a melhor opção.
A favor dos consórcios podemos mencionar:
- Na maioria dos casos, o consórcio de veículos sai bem mais em conta do que o financiamento. Se você não tem pressa para comprar o carro, moto ou caminhão ou se ainda não possuí o valor exigido pela financeira como entrada, o consórcio é uma ótima opção.
- Se você deseja investir em imóveis para obter uma renda de aluguel, o consórcio também pode ser interessante. Ao ser contemplado o consorciado poderá alugar o imóvel e com tal valor ir pagando suas prestações. Ao final do prazo ele terá aumentado seu patrimônio às custas dos locadores do imóvel.
Se você não tem disciplina para guardar dinheiro e não quer pagar juros aos bancos, o consórcio pode ajudar a realizar um sonho.
Consórcio é um investimento?
O consórcio não pode ser considerado em nenhuma hipótese um investimento. Muitas pessoas confundem o produto com um investimento devido ao fato de guardarem dinheiro e o transformarem em patrimônio no futuro.
Porém, os consórcios cobram taxas altas, que consomem o patrimônio aos poucos. Quem adquire um consórcio é um mero comprador de um bem ou serviço e não pode ser considerado um investidor.
No exemplo em que citamos adquirir o imóvel e o alugar, o investimento em questão é o próprio imóvel, e não o consórcio que o originou!
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