Uma dúvida que ronda a cabeça dos investidores iniciantes que procuram pelos melhores investimentos em 2016 é a diferença entre o CDB, LCI e LCA.
Adiantamos que para o investidor as diferenças práticas não são tão significativas, sendo que a principal gira em torno do que os bancos podem fazer com o dinheiro aplicado em tais investimentos.
O que é CDB?
Os Certificados de Depósito Bancário são o tipo de investimento que mais se assemelha a um empréstimo do cliente para o banco.
De forma muito parecida com o que o Governo faz emitindo títulos do tesouro nacional para levantar recursos, os bancos emitem CDBs para gerar funding.
O funding nada mais é do que o recurso que o banco precisa possuir para poder emprestar.
Logo e de maneira simplificada, vemos que o CDB serve para os bancos captarem recursos de quem os tem de sobra e repassà-lo para quem está precisando.
Com a captação em CDB os bancos possuem grande liberdade na utilização dos recurso, que poderão ser destinados ao financiamento de veículos ou então aos empréstimos pessoais, como o crédito consignado.
Definido o que é CDB, falaremos de sua negociação: o cliente solicita tal investimento ao gerente do banco ou corretora (muitos possibilitam que a aplicação em CDB seja feita pelo Internet Banking da Instituição) e informa o valor que será aplicado.
Com base nesse valor o banco informará um percentual do CDI que será pago ao cliente.
CDI significa certificado de depósito interbancário. Na prática, é a taxa anual que os bancos praticam ao emprestarem dinheiro entre eles. É isso mesmo. Ao final de cada dia um banco que carece de recursos em sua tesouraria, pode recorrer a outro concorrente que está com sobras. O pagamento por tal “favor” é feito com base na taxa CDI. O valor não é fixo, servindo como uma referência primordial. A CDI historicamente acompanha a taxa SELIC, sendo sempre um pouco inferior a mesma. Hoje a taxa SELIC é de 14,25% ao ano enquanto a CDI é de 14,14%.
Definida a CDI e apresentada sua taxa atual, o banco oferecerá um percentual da mesma como rentabilidade do seu CDB. Para o banco o ideal é pagar sempre a menor taxa possível, enquanto para o aplicador o oposto é verdadeiro.
Em média os grandes bancos comerciais costumam pagar entre 90 e 100% do CDI, enquanto bancos menores podem chegar a valores mais expressivos, dependendo do valor a ser aplicado.
CDB possui riscos?
O risco do CDB é do aplicador sofrer um calote por parte do banco, que como qualquer empresa, está sujeita a quebrar.
Para minimizar tal risco, temos no Brasil o FGC – Fundo garantidor de créditos, o qual garante até R$ 250.000,00 do cliente por instituição financeira. Ou seja, se você possui 1 milhão de reais divididos em 4 bancos diferentes, mesmo que todos fechem as portas, seu dinheiro será devolvido pelo fundo. Funciona como um seguro comum.
Quais impostos incidem sobre o CDB?
Sobre essa aplicação financeira incide tanto o Imposto de renda quanto o IOF. O primeiro segue a tabela idêntica ao dos fundos de investimento: a maior alíquota cobrada é de 22,5% se o investidor resgatar o investimento antes de 6 meses. Já a menor alíquota será de 15% se o investidor esperar mais de 2 anos para efetuar o resgate.
O IOF existe apenas caso o investidor aplique em CDB e resgate nos primeiros 30 dias. A alíquota começa com 96% e vai caindo até o 30º dia. Após os primeiros 30 dias não há mais o que se falar em IOF.
Lembramos que a cobrança de imposto de renda e de IOF incide apenas sobre os seus rendimentos!
Qual é a rentabilidade do CDB
Para quem está acostumado com a poupança que faz pagamento de juros uma vez por mês, aqui temos uma interessante diferença: os juros são pagos diariamente.
Isso é uma vantagem, pois caso o investidor precise resgatar sua aplicação, ele poderá fazer qualquer dia do mês sem perder rendimento.
A poupança castiga quem resgata a aplicação antes do fechamento do “aniversário” do investimento. Até mesmo quem resgate um dia antes do pagamento de juros é prejudicado: o poupador perde todos os juros devidos nos últimos 29 dias anteriores ao resgate.
Já o cálculo de juros é geralmente baseado no CDI, que apesar de ser definido com uma base anual (hoje, 22/04, está em 14,14%), varia diariamente, dependendo de quanto cada banco está cobrando do outro pelos empréstimos no final de cada dia.
Eu posso resgatar CDB a qualquer momento?
Dependente da sua negociação. No momento da aplicação você terá duas opções: a do CDB sem carência (que pode ser resgatado a partir do dia seguinte da aplicação) e o CDB com carência.
Na segunda opção o investidor negociará um prazo mínimo em que não poderá movimentar seu dinheiro. A carência costuma variar entre 90 dias e 5 anos, prazo máximo dos CDBs.
A vantagem de aplicar em CDB com carência é que os bancos costumam pagar um rendimento bem superior, isso graças a segurança de que poderão contar com o valor aplicado pelo cliente durante longos períodos.
Transferência de titularidade de CDB
Os CDBs (especialmente os negociados com carência) possuem a vantagem de permitirem que um investidor transfira sua titularidade. Ou seja, mesmo que você esteja com o seu CDB “preso” por um prazo muito longo, não precisa necessariamente perder um negócio, como a compra de um imóvel ou veículo.
Porém, você precisará que o vendedor aceite a transferência e o prazo final para resgate do CDB, é claro.
O que é RDB?
Os Recibos de Depósitos Bancários são “irmãos” dos CDBs e hoje em dia praticamente não são comercializados pelo mercado.
Eles são basicamente idênticos aos CDBs, com a exceção de não permitirem a transferência de titularidade. Ou seja, não existem vantagens práticas em relação ao CDB.
As LCA são lastreadas por produções rurais e seus recursos usados para novos financiamentos no campo.
O que são as letras de crédito
As letras de crédito mais populares no mercado são as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).
Assim como os CDBs e RDBs, são emitidas pelos bancos como forma de gerar funding. Em troca é paga uma remuneração geralmente também baseada na taxa CDI.
A principal diferença técnica entre o CDB e a LCI (ou LCA) é a utilização dos recursos captados pelo banco, bem mais limitada que no caso do CDB.
No caso da LCI os recursos são destinados ao financiamento de imóveis de alto valor (não abrangidos pela poupança) e a LCA para linhas de crédito destinadas aos produtores rurais.
Como são dois nichos de financiamento foco do Governo, existe um incentivo muito interessante para os investidores: a isenção de IOF e de Imposto de Renda.
LCI e LCA são melhores que o CDB ou RDB?
A primeira impressão ao ler o parágrafo anterior é que as Letras de crédito superam e muito o CDB graças a isenção de tributos, mas na prática não é bem assim.
Como os bancos precisam de um equilíbrio na hora de captar dinheiro (só vai ter interesse em LCI o banco que quiser financiar imóveis de alto valor), no momento de negociar a aplicação os bancos costumam oferecer um percentual bastante inferior ao do CDB.
Se no CDB é comum um banco pagar até 100% da CDI, na LCI e LCA esse percentual parte de meros 80%. A exceção são os bancos menores ou investidores que possuem grandes montantes de dinheiro (na casa dos milhões), que podem conseguir negociar valores acima de 95%.
Desvantagens da LCI e da LCA
Uma desvantagem desse tipo de investimento é carência obrigatória de 90 dias. Por determinação do banco central, qualquer investimento em LCI ou LCA não pode sofrer resgate antes desse período mínimo.
Outra desvantagem é o prazo máximo. Enquanto nos CDBs é comum negociar-se um prazo de até 5 anos, na LCI e na LCA esse prazo costuma ser de no máximo 3 anos.
Dado o prazo, o dinheiro volta automaticamente para a conta do cliente somado aos juros acumulados no período. Considera-se isso uma desvantagem, pois uma boa negociação de taxa hoje só será garantida dentro desse período.
FGC, carência negociada e rentabilidade das LCI em 2016
As letras de crédito seguem regras muito parecidas com as dos CDBs. Também existe aqui a proteção de até R$250.000,00 reais por banco em que dinheiro estiver aplicado e a carência poderá ser negociada, sempre respeitando o mínimo de 90 dias.
A remuneração também não oferece surpresa, ela é diária e varia de acordo com a flutuação da taxa CDI.
Uma LCI negociada a 85% do CDI em 2016, rende aproximadamente 0,94% ao mês líquido (já que não há cobrança de impostos). Um rendimento robusto, capaz de ultrapassar a inflação mensal atual.
É melhor aplicar em LCI ou CDB?
A escolha do investidor deverá levar em conta 3 fatores determinantes:
-Precisará do dinheiro antes de 90 dias? Escolha um CDB sem carência
–Pretende resgatar o valor antes de 2 anos? Optar pela LCI ou LCA que renda mais de 85% do CDI será a escolha mais vantajosa que um CDB de até 100%. Isso se deve a alíquota de imposto de renda do CDB, que somente a partir de 2 anos cairá para 15%.
-Pretende resgatar o valor acima de 2 anos? O CDB que rende acima de 100% do CDI leva vantagem em relação as letras de crédito que pagam menos de 86%.
Alguns bancos e corretoras menores podem oferecer variações do CDB, LCI e LCA tradicionais que mencionamos aqui. Algumas das variações vistas são referentes ao indexador de rentabilidade, podendo ser o CDI trocado pelo IGPM, IPCA ou taxas pré-fixadas.
Fique de olho na hora de negociar seu investimento e em caso de dúvidas entre em contato conosco através do campo para comentários.
