Afinal, quanto preciso juntar para parar de trabalhar ou para viver de renda? Em que pese já tenhamos abordado o assunto de forma breve em nossa matéria sobre como criar metas de poupança, decidimos aprofundar mais no tema e tentar entender qual grupo de pessoas de fato consegue se aposentar em nosso país antes da idade esperada pelo Governo.
Consideramos os gastos básicos de determinada fatia da população para estimar qual o patrimônio necessário que um brasileiro precisa juntar – ou já ter acumulado até aqui – para de fato parar de trabalhar. O resultado você vê na sequência. Boa leitura!
Quais são seus custos fixos atuais?
O primeiro passo é ter bem claro quais são seus gastos fixos atuais, aquilo que representa o mínimo para sobrevivência em seu padrão de vida atual.
Muitas pessoas se apegam ao número exato do salário atual, ou da média dos últimos 5 anos para projetar a renda necessária para parar de trabalhar. Porém, tal número não é o mais importante, uma vez que os custos tendem a mudar com a mudança do padrão de gastos de um cidadão aposentado.
Cenário 1: consideramos a vida de um adulto com cerca de 45 anos que hoje ganha R$ 5.000,00 mensais e que conseguiu economizar parte de sua renda durante mais de 25 anos de trabalho. Quanto será que ele precisaria ter acumulador para abandonar seu emprego?
- moradia (aluguel ou parcela do financiamento do imóvel) e o condomínio;
- internet/celular
- luz, água, celular e internet
- gastos com vestuário,
- alimentação básica
- transporte
- plano de saúde,
Total de gastos cenário 1: R$ 3.470,00 mensais
(ao fim do post apresentamos os valores que estimamos para calcular).
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Partimos de uma simulação considerando uma pessoa solteira pelo simples fato de que ao agregar uma segunda pessoa todos os cálculos deveriam considerar a renda familiar e padrão de gastos coletivos de uma família, o que torna as coisas mais complexas. Para adequar a sua realidade, o ideal é justamente considerar as particularidades da pessoa que vive com você.
Quais gastos fixos poderiam ser reduzidos ao parar de trabalhar?
Acreditamos que das despesas elencadas, algumas poderiam ser reduzidas caso a pessoa desejasse viver com menos, em um cenário de aposentadoria.
Dentre elas destacamos e criamos um cenário 2 de gastos fixos, considerando apenas uma vida de renda:
- redução do aluguel/condomínio caso topasse viver em um lugar mais afastado;
- um plano de celular com menos internet, usando mais o wi-fi em casa;
- menos gastos com transporte até o trabalho;
- mais tempo para cozinhar e se alimentar em casa reduzindo os custos com alimentação;
Total de gastos cenário 2: R$ 2.500,00 mensais
Note que a ideia do exemplo é apenas dar um norte para o raciocínio que estamos trazendo, devendo ser adaptada a sua realidade financeira e de gastos pessoais. Incluímos os gastos com plano de saúde de modo a não precisar considerar gastos extraordinários que consumissem suas reservas no futuro, como tratamentos não cobertos pelo SUS, etc.
Quanto preciso juntar para pagar minhas despesas fixas
Aplicando em renda fixa
Com a taxa de juros em sua mínima histórica, hoje em 2,25% ao ano, viver de renda apenas investindo em aplicações de baixo risco, como a poupança, CDBs e títulos do tesouro atrelados a SELIC exigirá um patrimônio extremamente robusto.
Seria necessário juntar cerca de R$ 2.250.000,00 aplicados em renda fixa que remunerem a 100% do CDI, para ter um rendimento líquido de imposto de renda de R$ 3.470,00, sustentando o cenário 1.
Para o cenário 2, já com o corte de despesas básicas, o montante seria de aproximadamente R$ 1.600.000,00.
Não esqueça da inflação: Para quem entende um pouco de economia e finanças, deve saber que há ainda o problema da inflação que haje sobre os preços dos bens e serviços todos os dias, mesmo que hoje esteja em patamares baixos historicamente. Em julho de 2020 a inflação acumulada é de aproximadamente 2,15% nos últimos 12 meses, ou seja, caso sejam feitas retiradas mensais do valor necessário para as despesas, o montante que permanece aplicado vai perdendo seu poder de compra, sendo necessários saques cada vez maiores para cobrir as mesmas despesas dos meses anteriores.
Aplicando em algo que renda ao menos a inflação
Aproveitando a linha de raciocínio construída no tópico anterior, considerando uma inflação de 2,15% ao ano, quem quiser parar de trabalhar para viver de renda terá que buscar investimentos mais robustos que a renda fixa para manter seu padrão de compra ao longo dos meses.
Já abordamos várias modalidades de investimento aqui no Em Alta, dos quais destacamos:
Sem correr riscos significativos, alguns instrumentos como a LCI de bancos considerados de 2ª linha, chegam a pagar até 95% do CDI com liquidez a partir de 90 dias aplicados, e por ser isento de imposto de renda, atualmente se equiparam e até superam levemente a inflação acumulada.
Para quem possui um perfil mais arrojado, os fundos de investimento imobiliário podem ser uma das opções mais interessantes para quem já possui patrimônio e está pensando em parar de trabalhar. Ainda existem opções no mercado que remuneram o investidor em média 0,50% ao mês, isentos de imposto de renda, o que possibilita um ganho real em relação a inflação e que exigiriam menos capital aplicado para sustentar os cenários desenhados.
Patrimônio necessário para o cenário 1 aplicado em Fundos imobiliários: R$700.000,00
Patrimônio necessário para o cenário 2 aplicado em Fundos imobiliários: R$500.000,00
*Lembramos sempre que o investimento em produtos de renda variável gera risco de perda patrimonial, devendo ser considerando o seu perfil de risco na escolha de tais produtos. Recomendamos sempre a diversificação de seus investimentos.
Gastos com entretenimento e reserva de emergência
Se você chegou aqui furioso por não considerarmos gastos com entretenimento, viagens, troca dos eletrodomésticos, presentes para os entes queridos, pedimos sua calma. Esses são pontos que consideramos bastante pessoais, que respeitam o padrão de vida e personalidade de cada um.
Simular diversos cenários apenas deixaria a matéria extremamente longa e cansativa de se ler. A ideia é trazer quais são os cálculos básicos para estimar quanto dinheiro ou patrimônio precisamos juntar para atingir uma determinada renda.
Entendendo tais pontos, basta adaptar os custos e receitas para chegar ao número que represente quanto você precisa juntar para parar de trabalhar.
Parar de trabalhar é privilégio para poucos
Para você que prosseguiu com a leitura até aqui, pode observar que em nosso país juntar dinheiro para parar de trabalhar de maneira precoce, sendo assalariado ainda é um privilégio para poucos.
No exemplo que trouxemos, incluímos um brasileiro com um salário per capita de aproximadamente 1000 dólares. Esse salário é considerado baixo em países desenvolvido, mas mesmo entre os emergentes está situado abaixo da média. No entanto, essa faixa de renda está enquadrada acima da maioria da população das classes C, D e E.
Aprenda a criar o hábito de guardar dinheiro aqui
Percebemos que construir uma reserva de patrimônio necessária para parar de trabalhar, levaria muitos anos e uma vida extremamente regrada e sem muitos acidentes que consumissem parte do capital aplicado.
Por tudo isso que trouxemos, fica claro que mais importante do que a construção da reserva de emergência de curto prazo estão os investimentos em estudos, especialização e um foco grande na carreira ou no próprio negócio, caso a intenção seja não depender da seguridade social e da cada vez mais incerta aposentaria pelo INSS.
Gastos mensais simulados na matéria (cenário 1):
- Aluguel/financiamento + condomínio: R$1.200,00
- Internet + celular + luz + água: R$220,00
- Transporte: R$350,00
- Alimentação básica: R$1.200,00
- Plano de saúde: R$300,00
- Gastos com vestuário: R$200,00
Gastos mensais simulados na matéria (cenário 2):
- Aluguel/financiamento + condomínio: R$850,00
- Internet + celular + luz + água: R$180,00
- Transporte: R$250,00
- Alimentação básica: R$760,00
- Plano de saúde: R$300,00
- Gastos com vestuário: R$160,00
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