A notícia mais importante da semana no segmento de eletrônicos foi sem dúvidas o anúncio do novo console da gigante japonesa, o Nintendo Switch.
A expectativa criada em torno do anúncio foi criada pela própria Nintendo, que parece ter investido mais em esconder o seu novo videogame do que em sua inovações de fato.
E não falamos isso pelo fato do novo aparelho não inovar, ele de fato apresenta conceitos originais. No entanto a empresa parece ter exagerado nos mistérios em torno do console, que não é nem de mesa e nem portátil – ou talvez seja mesmo os dois.
- Confira também: ainda vale a pena comprar videogames em Miami?
Assista o vídeo e entenda o que é o Switch
Com dezenas de milhões de visualizações, e uma grande maiores de “likes” no anúncio oficial (que é o único material real sobre o console), o Switch parece ter agradado o público em geral.
No dia do seu anúncio os elogios pareciam tomar conta da internet, mas conforme análises iam sendo publicadas e os pontos negativos do aparelho especulados, o hype acabou diminuindo.
Console de mesa, portátil, ou ambos?
Mas antes de falar das expectativas ruins, vamos descrever um pouco sobre o sistema que aparece no vídeo: o novo videogame da Nintendo é de fato um híbrido entre console de mesa e portátil, conforme foi especulado.
No entanto não é assim que a Nintendo o descreve oficialmente. Para a empresa ele é um console doméstico, de mesa, que pode ser levado para qualquer lugar. Apesar da descrição parecer redundante, a empresa deixa claro que pretende manter a família 3DS (2DS e New 3DS), viva por pelo menos mais 2 anos, como console portátil oficial da marca.
Superado tal ponto, temos que o aparelho parece um Nintendo Wii U feito para dar certo. Com um controle que também é em formato de tablete e que parece ser ainda maior que do Wii U, algumas falhas graves são corrigidas.
Novamente o controle será o diferencial do aparelho
A primeira correção de percurso em relação ao Wii U é a liberdade que o controle traz, que é de ser jogada em qualquer lugar – mesmo. Enquanto o controle do Wii U dependia do console em si para rodar jogos, o gamepad do Switch é o console.
E isso garante uma enorme liberdade para jogadores e desenvolvedores. Na prática o Switch lembra um PS Vita, que também pode ser conectado na TV para ser jogado, mas com alguns diferenciais importantes.
Um deles são os controles destacáveis, os quais deverão garantir a maior parte da diversão e novidade. Com apenas um único aparelho será possível jogar partidas contra um amigo, pois cada “Joy Con”, tanto o esquerdo quanto o direito, poderá ser usados como controle autônomo.
Aparentemente não há um grande conforto em utilizar um minúsculo controle em jogos mais intensos, mas não há como negar que deverá ser interessante poder desafiar um amigo em uma partida de Mario Kart em qualquer lugar.
A volta dos Cartuchos
Para fechar a análise prévia do console, é importante tratar alguns pontos específicos. O primeiro deles é a volta dos cartuchos (agora chamados de cartões), pela primeira vez em um console de mesa desde o Nintendo 64.
Graças a enorme evolução desses minúsculos cartões, é possível ter um jogo com muitos GBs em um formato que é mais durável que as mídias em BluRay e que permite que o console seja portátil. Basta lembrar do fracasso enfrentado pelo primeiro PSP em tentar roda microdiscos.
As vantagens dos cartões são vistas também no menor custo para fabricação do console (leitores de disco são caros) e na maior autonomia da bateria.
O que esperar da bateria
E por falar em bateria, aqui poderá morar o principal problema da nova plataforma. Até o momento nenhum aparelho no mercado teve grande sucesso em entregar uma tela tão grande quanto do Switch, com resolução HD, dispositivos sem fio se comunicando o tempo todo (como WiFi e os próprios controles) e um poder de processamento elevado.
Temos sim o exemplo de alguns tablets, mas nenhum jogo se compara ao que será oferecido no Switch e sua composição de GPU e CPU inédito (é um chip Tegra personalizado pela Nvidia para o console).
Durante a semana boatos indicavam uma bateria “medíocre”, com duração inferior a 3 horas. A Nintendo não confirmou e nem desmentiu tal boato.
Apenas como comparação, temos hoje o Nintendo New 3DS da empresa, um portátil que possui duas telas bem menores que a do Switch, com resolução muito mais baixa, que também lê cartuchos e tem processamento infinitamente menor. Sua bateria entrega pouco mais de 5 horas de autonomia – valor este aceitável pela maioria dos jogadores.
Apoio de terceiros
Um dos motivos do fracasso do Nintendo Wii U foi seu completo abandono pelas third parties.
Enquanto os consoles concorrentes Xbox One e Playstation 4 recebem hoje games de praticamente todas as desenvolvedoras, o Wii U ficou a mercê da quase exclusividade dos jogos da própria Nintendo e algumas tentativas da Ubisoft e Sega, que nunca abandonaram o projeto.
Essa falta de apoio afastou games de franquias extremamente relevantes do console, como Resident Evil, Final Fantasy, Metal Gear Solid, Call of Duty, Fifa, Pro Evolution Soccer, etc.
Mesmo a Nintendo ainda tendo uma base muito grande de fãs de suas franquias, não foi o suficiente para o Wii U ultrapassar 15 milhões de unidades vendidas.
E a prova de tudo isso foi a Nintendo fazendo questão de mostrar o nome de dezenas de apoiadores logo em seu vídeo de apresentação, revelando o retorno de gigantes como Capcom, Konami, Eletronic Arts, Activision e muitas outras.
O Nintendo Switch é revolucionário?
Há muitos anos a antiga revista EGM Brasil publicou uma matéria demonstrando que a Nintendo carecia de criatividade real em seus consoles.
O motivo disso é que todas as tecnologias utilizadas por ela, ano após ano, já haviam aparecido em outro projeto de outra marca mais desconhecida. A empresa japonesa inclusive já enfrentou processos judiciais por tal postura.
E de fato a alavanca analógica que aparece “primeiro” no Nintendo 64 já existia em outros controles menos conhecidos para computadores e consoles que não vingaram antes dela.
A tela de toque do Nintendo DS é uma novidade no fim da década de 80 e começo da década de 90, quando começava aparecer em aparelhos menos robustos, como caixas eletrônicos e outros equipamentos.
Poderíamos citar outros exemplos, mas sem o objetivo de denegrir a imagem da empresa: ela aproveita boas ideias e costuma acertar na execução, com exceção do Virtual Boy e do Wii U.
E acreditem, com o Nintendo Switch não foi diferente. Depois da Eurogamer acertar praticamente todos os aspectos do aparelho, deu tempo de uma empresa na China lançar um console que traz praticamente todos os aspectos anunciados no console da Nintendo. Ficou no ar o maior clima de plágio.
A sorte da Nintendo é que as empresas chinesas não costumam levar muito a sério o registro de patentes.
Assim ficou-se no quem copiou quem, mas é muito provável que os chineses saíram na frente e aproveitaram a ideia trazida pelos boatos sobre o Nintendo NX na época.
O Switch é o que esperávamos?
Depois de quase 2 anos sem nenhuma notícia oficial e apenas boatos dos mais variados tipos, tivemos na verdade um anúncio de algo que foi vazado há pelo menos 8 meses, conforme mencionamos.
A maior surpresa ficou em torno do design do aparelho e de seu controle, que nos vazamentos lembrava um retrovisor de um automóvel, e que por sorte mudou muito desde as primeiras patentes.
Se a ideia geral do sistema não nos surpreendeu, é importante lembrar que muitos mistérios ainda rondam o sistema, podendo melhorar ou piorar seu desempenho. A duração da bateria e o seu preço de lançamento são os mais críticos e ainda não fazemos ideias de tais números.
Analistas de mercado estimam que qualquer valora acima de US$ 299 para o pacote básico poderia resultar no fracasso do novo aparelho. Mesmo sendo inovador na experiência de jogo, o fato de seu poder gráfico e games serem os mesmos da geração atual não permitem que o Switch seja muito mais caro que as primeiras versões do PS4 e Xbox One.
Por outro lado, é muito difícil de acreditar que seja possível fabricar um aparelho que rode game em full HD (quando conectado na TV), que traz dois controles inclusos e uma tela de tablet de alta definição, por um preço que é praticamente a metade de tablets tão poderosos quanto ele.
Será que a Nintendo estaria disposta a vender seus primeiros milhares de aparelho com prejuízo, assim como a Sony fez com o PS3 em 2006?
O que ainda não sabemos sobre o Switch
Além da duração de bateria, preço estimado e conforto do gamepad e seus Joy Cons, outras dúvidas importantes ainda pairam sobre o Nintendo Switch.
Em resumo, não conhecementos os aspectos técnicos do aparelho, apenas que sua placa gráfica é feita pela Nvidia e é da mesma família dos chips Tegra. Para quem não conhece, basta pesquisar sobre um console chamado Nvidia Shield, que também faz uso de um chip similar.
E sem saber os aspectos técnicos, não há como prever se o Switch será mais ou menos poderoso do que o Xbox One ou PS4. Especula-se que seu poder total seja algo superior ao One mas inferior ao primeiro PS4.
Em seguida vem a questão da retrocompatibilidade, que sempre esteve presente nos consoles da Nintendo e que parece ter sido abandonada aqui. Por funcionar com cartuchos, automaticamente as mídias físicas do GameCube, WII e WII U estão descartadas. O cartões do DS e 3DS também não encaixarão no novo console.
Já sobre a possibilidade de quem games antigos sejam disponibilizados por download, fica a dúvida: não sabemos se haverá suporte para controle de movimento, o que inviabilizaria quase toda a biblioteca do Wii original. Não foi divulgado também se a tela do novo controle é touch, o que prejudicaria a compatibilidade do WII U e dos games do 3DS.
São dúvidas que poderão revelar potenciais interessantes – ou não – para o console até seu lançamento.
Segundo comunicado oficial da Nintendo, não teremos mais nenhuma revelação oficial sobre o novo videogame até janeiro de 2017.
ATUALIZAÇÃO: A Nintendo confirmou que o Switch não é fisicamente compatível com o software do 3DS e Wii U. Ou seja, jogos dessas plataformas talvez cheguem (graças ao poder de processamento do Switch), mas apenas através de emulação.
O Switch será um sucesso ou um fracasso?
A aposta da Nintendo com o Switch é muito parecida com aquela que a empresa arriscou no Wii há quase 10 anos.
Lançar um console que já nasce defasado graficamente, inferior a concorrência (agora do PS4 Pro e Xbox Scorpio que chagam no ano que vem), mas que traz uma nova experiência de jogo, pode sim dar muito certo.
Mas não nos é permitido esquecer que quando o Switch ver a luz do dia, em março de 2017, a concorrência também terá um diferencial muito significativo: a realidade virtual.
Enquanto a Microsoft ainda prepara seu HoloLens para o lançamento no mercado doméstico, a Sony já está vendendo seus primeiros óculos de realidade virtual, o Playstation VR.
Caso a realidade virtual realmente dê certo e se torne rapidamente acessível, a maneira como jogamos videogames mudará completamente e o Switch e seus mini controles físicos já nascerão totalmente defasados para o mercado.
E para você, a aposta é positiva ou negativa para a nova ideia da Nintendo em “revolucionar” o mercado?