Poucas tentações são tão fortes como a de consumir novos produtos. Especialmente a satisfação de comprar eletrônicos novos é enorme, apesar de passar depois de pouco tempo. Muitos consultores financeiros demonizam essas compras falando que em 20 anos, o dinheiro gasto com elas, se investidos, resultariam em verdadeiras fortunas. Pode até ser… mas será que esses consultores não gastam em nada fora o necessário?
O Em Alta acredita que sim, vivemos em uma sociedade excessivamente consumista, mas não concordamos com os exageros de muitos consultores financeiros. O segredo não é deixar de comprar e sim comprar certo!
A situação econômica da grande maioria dos brasileiros hoje não é das melhores, por isso é necessário analisar bem qualquer compra, por menor que ela seja. Quando falamos de eletrônicos, geralmente estamos falando de preços bastante significativos, por isso preparamos esse guia. Descubra se vale a pena ou não esperar para comprar eletrônicos nesse momento de crise.
Como a economia afeta a decisão da compra?
Momentos de incerteza econômica como o que vivemos no Brasil pressionam os preços, tanto de forma direta quanto indireta. O dólar alto, por exemplo, é um fator direto. Quanto mais alto, maiores os preços dos produtos importados ou de produtos que precisam de componentes importados para serem fabricados, é o caso de video games, televisores, notebooks e especialmente os smartphones.
Um exemplo de efeito indireto é o da população perder parte de seu poder de aquisição, tornando o mercado menos atraente para empresas estrangeiras. Isso pode causar, entre diversas outras consequências, o fechamento de fábricas nacionais para a produção do produto.
Isso é devido em parte porque as empresas que vieram ao Brasil para produzir seus produtos e gerar empregos por aqui, ganharam incentivos fiscais do Governo (pagavam menos impostos) de forma que podiam vender seus produtos por preços menores. Na última semana por exemplo, tivemos a notícia da saída da Xiaomi do Brasil, que já estava fabricando dois de seus smartphones por aqui.
Com o preço subindo a demanda do público diminui, as lojas vendem e faturam menos, muitas acabam fechando as portas, a concorrência diminui e automaticamente os próprios preços acabam subindo ainda mais. É um ciclo vicioso difícil de ser quebrado em uma economia em crise.
Então devo esperar?
Se o produto que você está querendo comprar não é de extrema necessidade no momento e possa esperar, você poderá aguardar a situação política e econômica do país estabilizar-se, o que deve pressionar ao menos a cotação do dólar para baixo.
Porém, se por exemplo o seu celular quebrou e você precisa substituí-lo imediatamente, esperar a crise passar não é uma opção, não é mesmo?
É muito improvável que as coisas não melhorem no médio prazo, mas isso pode levar um tempo que você não aguente esperar. Até lá, não devemos ver os preços caindo muito pela melhora na economia. Mesmo que o dólar comece a cair, dificilmente saíra dos atuais R$3,61¹ para menos de R$2,50, valor visto até meados de 2014 por aqui.
Em resumo, não devemos levar tanto em consideração a situação macroeconômica do país, ao contrário de quando falamos de imóveis.
Quando controlar a vontade de comprar é a pior opção
Há um tempo, quem resolveu esperar para comprar algum eletrônico novo teve uma surpresa bem desagradável: o fim da Lei do Bem que dava alguns benefícios fiscais para empresas na venda de produtos de informática e telecomunicação, fazendo os preços subirem significativamente.
A referida Lei voltou recentemente para tentar equilibrar os preços, mas deve acabar de vez em 2019 ou quem sabe antes, já que o Governo atual prometeu acabar com os subsídios na economia.
Portanto nem sempre esperar para comprar algo é sinônimo de sabedoria e controle emocional. Você precisa ficar atento aos sinais da economia que apontam para alta de preços no curto e médio prazos, pois deixar de comprar hoje pode causar um belo prejuízo daqui a dois ou três meses.
Então é a melhor hora para comprar eletrônicos?
Depende. Como via de regra, nunca compre algo no lançamento, a não ser que você seja um entusiasta com dinheiro de sobra. O preço pode literalmente cair pela metade em poucos meses. Com os smartphones, os eletrônicos mais populares hoje, isso é bem comum, principalmente entre os mais caros.
Vamos pegar um exemplo prático: a versão mais básica do smartphone Samsung Galaxy S6 chegou às lojas brasileiras no dia 25 de abril de 2015 com o preço sugerido de R$ 3.299,00. Em junho, dois meses depois, ele já podia ser encontrado por cerca de R$ 2.150,00 em algumas lojas. Alguns meses depois, podia-se comprá-lo por até R$ 1.600. Hoje ele está saindo em torno de R$ 2.200,00.
Como vemos, este é um caso em que a pequena espera valeu muito a pena. Contudo, é interessante notar que nesse meio tempo o produto teve algumas quedas bruscas no preço mas agora, cerca de um ano depois, está na mesma faixa que de junho do ano passado. Ou seja, o oposto da espera também pode ser negativo.
Então o que faço?!
Se até na hora de decidir a marca do macarrão está difícil, no caso dos eletrônicos é ainda mais complicado. Em geral, a decisão só pode ser feita após uma boa pesquisa.
O ideal é que você gaste alguns dias fazendo a pesquisa para que possa assimilar o mercado do produto específico. Como a pesquisa hoje em dia não tem custos, bastando gastar um tempo na internet para aprender tudo sobre um eletrônico, suas características e preço, aqui aproveitar esse tempo significa economizar dinheiro.
Quando não estamos familiarizados, caímos em supostas ofertas e promoções que parecer muito atrativas, quando na verdade existem opções no mercado muito melhores e mais baratas.
Outra vantagem da boa pesquisa é que quando uma oferta realmente vantajosa aparece, você saberá. Infelizmente é prática comum as ofertas enganosas no varejo brasileiro. Nas últimas Black Fridays, o que mais tivemos foram produtos que subiram de preço nos dias anteriores apenas para poderem ser divulgados com “cortes de preço” no dia promocional.
Sim, algumas ofertas interessantes apareceram, mas apenas com uma boa pesquisa prévia você seria capaz de distinguir as boas das enganosas. Existem sites especializados na sugestão de produtos que facilitam sua vida, mas isso não dispensa totalmente a pesquisa. Busque sempre estar informado antes de gastar seu dinheiro.
Como via de regra, siga este roteiro:
- Faça uma ampla pesquisa sobre a categoria do produto e todas as opções similares à venda
- Peça sugestões de quem entende mais sobre o assunto ou de amigos que já possuem o produto em questão
- Busque sempre o modelo com o melhor custo-benefício
- Ao escolher um modelo, confira em sites como o Buscapé o histórico de preço do mesmo,
- Escolha a loja (confiável) onde o modelo está com o menor preço
E como já falamos, jamais compre algo que acabou de ser lançado. Além de seu preço poder cair drasticamente em pouco tempo, ele também não teve tempo suficiente no mercado para sabermos se não apresenta algum problema de fabricação, que com certeza causará dores de cabeça para quem investiu uma fortuna e terá que levá-lo em poucos dias para uma assistência técnica.
Isso nos leva a uma última questão: o último lançamento é realmente o melhor? Em geral sim, mas isso não significa que valha a diferença de preço quando comparado ao seu antecessor.
Comprar o último lançamento é mais prazeroso, e todos merecemos ter esses tipo de prazer às vezes, mas saber que fez a melhor compra também tem seu gostinho bom.