Americanos são ótimos em transformar quase tudo em um espetáculo. É por isso que 42 dos 50 times de esportes mais valiosos do mundo são americanos. Entre eles temos times de basquete, basebol, futebol americano e tantos outros, mas no futebol, continuam deixando a desejar.
Isso está mudando. A vitória da seleção feminina americana no mundial do ano passado resultou em 26,7 milhões de telespectadores. Além disso, as ligas MLS e NASL estão crescendo e conseguindo atrair nomes de peso, apesar de avançados em idade na maioria das vezes.
Um dos que perceberam isso foi o empresário brasileiro Flávio Augusto, fundador da Wise Up, que comprou o time Orlando City Soccer por US$ 110 milhões. Sua previsão é de que em cinco anos, o time se torne uma empresa de US$ 1 bilhão. Em entrevistas recentes, ele afirma que as coisas estão acontecendo inclusive mais rápido do que esperava.
Flávio não está sozinho ao perceber o potencial do esporte nos Estados Unidos. Um grupo de empreendedores do Vale do Silício também está entrando no jogo com seu próprio time, The San Francisco Deltas, ou Os Deltas.
Entre os investidores, temos veteranos da Apple, Google, Facebook, Twitter, Yahoo, PayPal e Dropbox. Saberemos mais sobre isso em breve, visto que os Deltas não quiseram revelar os nomes por trás dos investimentos.
Brian Andrés Helmick é o CEO do time. O colombiano formado em Stanford afirma já estar pensando sobre o assunto há alguns anos, mas tinha medo que sua paixão pelo esporte atrapalhasse nas horas de decisões importantes.
O empreendedor anteriormente havia criado uma plataforma de recursos humanos para startups chamado Algentis, que foi vendido em 2014. Ele vive em São Francisco há 13 anos.
Eu sou um cara de startups, um cara da tecnologia. Vivemos em uma cidade onde empresas multibilionárias nasceram em garagens. […] Queremos nos tornar a incubadora do esporte.
Os Deltas planejam testar uma infinidade de coisas, incluindo óculos de realidade virtual durante o treino de goleiros, e sistemas de inteligência artificial na hora da venda de ingressos, para que você se sente perto de pessoas que mais se identifica.
Um dos slogans do time será: “Não dirija, porque você não precisa dirigir”. O objetivo é incentivar o uso de apps como o Uber, um grande alívio para os moradores próximos do estádio que estavam preocupados com a grande quantidade de pessoas buscando lugares para estacionar durante jogos, além de evitar o volante após algumas cervejas.
O pessoal que gosta de comer nos estádios, algo muito mais tradicional nos Estados Unidos do que no Brasil, também poderá votar em quais food trucks estarão nos próximos jogos. Falando em Brasil, Helmick também afirmou:
[…] empreendedores do Brasil que trazem seus conhecimentos e experiência do país com a maior quantidade de títulos mundiais e a terra natal de alguns dos maiores jogares de todos os tempos.
Outro diferencial está no fato de não haver cartazes ou outras formas de publicidade em São Francisco sobre os Deltas. Eles afirmam ter gastado toda essa energia estando nos bares, nos jogos locais e amadores, nas ruas conversando com as pessoas.
Um dos três pilares do time é transparência, algo que por si só já mostra grande inovação no futebol. Os outros dois são inovação e comunidade. No papel tudo parece muito promissor, mas será que o Vale do Silício realmente quer entrar nesse mundo?