Sigla muito usada por administradores de empresas e profissionais da área de contabilidade, o EBITDA é um indicador simples, mas que diz muito sobre a produtividade e eficiência de uma empresa.
A sigla que pode ser pronunciada como “Ebítida” ou “Ebidá”, corresponde a expressão em inglês Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization, ou seja: Lucros antes dos Juros, Impostos, depreciação e amortização. No Brasil a sigla também pode ser disposta de forma traduzida, como LAJIDA.
Nas empresas de capital aberto o indicador é descrito no balanço para representar a geração operacional de caixa da companhia.
Por que o EBITDA é um indicador importante
Saber qual é o lucro de uma empresa antes de deduzir despesas e custos exclusivamente financeiros, permite ir além da análise simples do lucro (ou prejuízo) líquido de uma empresa.
Muitas empresas podem fechar um exercício fiscal com prejuízo sem necessariamente passarem por problemas graves de geração de caixa.
Uma empresa pode em determinado período aproveitar um lucro bruto alto para pagar impostos que eventualmente estavam atrasados ou optar por amortizar dívidas de curto prazo, o que pode ser inclusive positivo para a empresa nos exercícios seguintes.
Afastar o impacto das decisões exclusivamente contábeis de uma empresa expõe com maior clareza o desempenho do negócio de fato e seu potencial real.
Outra utilidade do EBITDA é o fornecimento de um comparativo entre exercícios fiscais diferentes, permitindo a comparação da eficiência operacional e produtividade da empresa entre diferentes anos.
Como o EBITDA é calculado
O primeiro passo para o cálculo do indicador é apurar o lucro operacional da empresa. Para tal, basta subtrair da receita líquida o custo das mercadores vendidas, as despesas operacionais e as despesas financeiras líquidas.
A principal diferença entre o EBITDA e o lucro operacional calculado acima, é que deve ser realizada a soma da depreciação e a amortização que estavam incluídas no custo das mercadorias vendidas e nas despesas operacionais.
Subtrair para depois somar novamente parece algo sem sentido, mas explicamos:
A depreciação de máquinas e demais equipamentos que compõe o custo de mercadorias, não é de fato uma despesa financeira para a empresa, pois não é porque uma máquina perdeu valor em determinado período que isso acarretará necessariamente em um desembolso financeiro para a empresa.
Já a amortização deve ser também somada para compor o EBITDA porque as obrigações financeiras líquidas não tem a ver com a proposta do indicador, que é a de medir a geração operacional de caixa da empresa.
Exemplo prático para entender o EBITDA
Como uma forma objetiva de simplificar o conceito e o cálculo do EBITDA, podemos descrever em exemplo prático uma empresa que presta serviços de transportes de carga:
Levar objetos de um local para outro gera uma receita, que nada mais é que o pagamento de quem contrata o serviço. A soma de todos esses pagamentos compõe sua receita bruta.
Desse total pago, para descobrirmos quanto é o lucro, precisamos subtrair diversos custos envolvidos no serviço.
Temos aqui de forma clara o combustível e o óleo lubrificante do motor e demais componentes.
Retirando esses dois custos da receita temos o que é o lucro bruto.
Outro itens como seguros, IPVA, endividamento para compra do veículo entre outros, não são considerados como constantes devendo ser contabilizados como “outras despesas“.
Se o veículo for de fato financiado, os juros que são pagos ao banco devem ser considerados como despesa financeira.
Com o passar do tempo, o veículo sofre desgastes e vai perdendo valor, processo chamado de depreciação. Esse custo (que é econômico e não financeiro) é subtraído do lucro bruto da empresa.
Temos ainda no final do mês ou de um exercício fiscal (dependendo do porte da empresa) a necessidade de recolher diversos impostos, que também são diminuídos das receitas da companhia.
Após subtrair todas as despesas adicionais, inclusive a financeira do lucro bruto, teremos então o lucro líquido da empresa. Se positivo chamamos de lucro, se negativo chamamos de prejuízo.
O EBITDA surge exatamente aqui, pois ao “devolvermos” ao resultado operacional as despesas financeiras, como a amortização do financiamento ou o pagamento de juros, a depreciação dos ativos operacionais e ao desconsiderarmos o pagamento de impostos, temos um número efetivo de quanto aquele veículo (ou a frota toda) produz.
Polêmicas em relação ao EBITDA e seu cálculo
Apesar de que a maioria das empresas publica o indicador em seus balanços, ele não é obrigatório pela Comissão de Valores Mobiliários, órgão responsável pela regulamentação das Sociedade Anonimas de Capital Aberto.
Em que pese seja um consenso entre os especialista de que o índice facilita a análise realista da situação da empresa, a falta de padronização na metologia de cálculo é crítica. Muitos analistas e auditores consideram itens extraordinários diferentes na hora de somar amortizações e depreciação ao lucro operacional.
Já em relação a questão da depreciação do patrimônio da empresa não ser considerado, é preciso atentar para o perfil das atividades da empresa, e que em algum momento tal depreciação poderá ser convertida em efetivo custo – o momento que um equipamento precisar ser substituído, por exemplo.
O EBITDA é confiável?
Se analisado em conjunto com os demais indicadores que compõe o balanço de uma companhia, o EBITDA é confiável e cumpre um importante papel: demonstrar o potencial produtivo da empresa.
Já quando falamos em comparação entre períodos ou mesmo entre diferentes empresas, o EBITDA assume um papel ainda mais importante. Fatores como a tributação variam em diferente períodos, pois diferentes governos podem conceder incetivos fiscais ou majorar impostos.
Já na comparação entre empresas de um mesmo setor, o EBITDA permite que ela não seja injusta ou distorcida ao comparar empresas de diferentes portes ou até mesmo nacionalidades, o que implicaria em diferentes cargas tributárias.
O maior risco existente na análise do EBITDA de forma isolada é ter mascarados importantes dados que mostram a liquidez financeira da empresa. De nada adianta uma companhia com um desempenho produtivo excepcional se existirem dívidas financeiras extremamente elevadas que não poderão ser pagas com a capacidade de caixa gerado.