Conselhos Empreendedorismo

Considerações essenciais na hora de abrir uma empresa

como abrir uma empresa

Muitas vezes as coisas mais básicas e óbvias na vida podem passar despercebidas em frente aos nossos olhos – especialmente quando agimos por impulso e empolgação. Isso vale também para quem resolver abrir uma empresa.

Atualmente a maioria esmagadora de empresas no Brasil têm suas atividades interrompidas logo nos seus primeiros meses de vida.

Os motivos para tal? Crise financeira? Não! A verdade é que os empresários de primeira viagem ignoram o mínimo necessário de conhecimento para abertura, gestão e manutenção de seus negócios.

A ideia costuma ser boa, mas sem uma boa execução ela não vale nada.

Esse mínimo de conhecimento garantirá sucesso e a vida eterna de uma empresa? Também não, mas ao menos te dará segurança para desistir de uma ideia fracassada antes de investir seu suado dinheiro.

Vejamos os principais pontos que um novo empreendedor precisa saber na hora de abrir uma empresa e não cair numa cilada.

Você possui experiência com empresas e com o ramo de atividade escolhido?

A falta de experiência exige ainda mais um estudo prévio dos conceitos básicos que envolvem a atividade empresarial e o ramo de negócios pretendido.

Como exemplo temos a onda atual de pessoas que são cozinheiras ou chefes de cozinha e que resolvem abrir o seu próprio restaurante. A dica aqui é sobre a importância de assumir que enquanto se entende tudo na hora de elaborar pratos e escolher os melhores ingredientes, pode-se entender muito pouco de controle financeiro de empresa, pagamento de impostos e negociação dos insumos com os distribuidores.

Isso vale para qualquer empreendedor que está pensando em abrir uma nova empresa.

Identificar seu pontos mais fortes e ao mesmo tempo suas maiores deficiências é o ponto de partida para iniciar a validação de sua ideia e correr atrás de informações.

O nome fantasia de sua empresa é fundamental para o sucesso? E a localização?

Se o nome do seu negócio já é um grande fator para sucesso, não deixe de realizar uma consulta formal na junta comercial de sua região, pois dois nomes iguais não serão permitidos. Se ela estiver disponível, trate de registrá-la, pois caso seu negócio se consolide no mercado, você poderá descobrir que alguém chegou depois e fez o registro, lhe obrigando a mudar de marca, o que pode gerar péssimas consequências.

O mesmo vale para os domínios na Web e páginas no Facebook – mesmo que não seja o seu foco inicial investir na internet, vale a pena se antecipar e garantir sua presença online no futuro.

Em seguida, reflita se o seu negócio precisa ser aberto em uma rua ou imóvel comercial específico. Se a resposta também for positiva, você precisará descobrir se a prefeitura ou órgão responsável por emitir o alvará aceita o seu segmento naquela região e naquele imóvel. Mesmo que ali existam (ou tenham existido) concorrentes no mesmo ramo, as prefeituras podem alterar sua política de emissão de alvarás a qualquer momento.

Caso você decida pular essas duas etapas básicas, correrá o risco de realizar diversos gastos com aquisição de equipamentos e reforma para depois ter o alvará negado, ficando sujeito ao pagamento de uma multa salgada devido a irregularidade.

O que você conhece sobre as questões administrativas e financeiras?

A atividade empresarial exige um pouco além da matemática básica, mas ainda assim temos um mínimo que qualquer um precisa saber: o lucro é igual ao faturamento bruto da mesma (a soma de todas as vendas realizadas) subtraindo-se desse valor todas as despesas necessárias para manutenção do seu negócio.

Muitos cometem o erro crasso de confundir faturamento com lucro, o que prejudica todas as expectativas iniciais do novo empresário.

Note que se você sabe fazer um hambúrguer caseiro melhor do que qualquer outro vendido por aí por R$30,00 e acredita que poderá abrir a sua própria hamburgueria, vendendo mais que a concorrência que inclusive cobra menos, não esqueça antes de descobrir exatamente qual o custo total do seu produto.

O custo será composto de vários fatores que o empresário iniciante pode acabar ignorando, mas que são fundamentais:

  • Aluguel (que será maior conforme a localização escolhida para abrir seu negócio)
  • Energia Elétrica e água
  • Gás
  • Custos com o “ponto” comercial (caso você opte por adquirir um lugar que já possui uma clientela e até mesmo os equipamentos necessários)
  • Aquisição de equipamentos (se você tiver capital suficiente para os adquirir, deverá considerar o valor mensal que deixou de receber em um investimento bancário. Caso não possua, o valor mensal das parcela gastas em um eventual empréstimo)
  • Gastos com pessoal: mesmo que seu negócio seja totalmente familiar e você seja o cozinheiro e sua esposa atue como caixa/garçonete, ainda assim terá gastos com limpeza. Também considere quanto vocês estão deixando de ganhar caso estivessem trabalhando.
  • Manutenção: a maioria dos equipamentos de cozinha, refrigeradores para bebidas e demais itens de mobiliário, demandam custos com manutenção, assim como a própria limpeza do local. Será preciso sempre uma reserva para tal.
  • Impostos: praticamente 20% de todo o faturamento bruto de uma lanchonete é destinado ao pagamento dos impostos municipais, estaduais e federais.
  • Matéria Prima: a maior % do valor do produto no exemplo da hamburgueria será a carne utilizada seguida do pão, molhos e saladas, além do custo de aquisição das bebidas que serão comercializadas.
  • Contador: com a exceção dos microempreendedores individuais, qualquer empresário precisará de um contador. O custo varia mas geralmente é mensal: de meio a vários salários mínimos dependendo do tamanho e complexidade de sua empresa.

Ainda existem outros custos iniciais possíveis, como os da reforma do estabelecimento para deixá-lo com sua cara e também os gastos com divulgação, principalmente se você optou por um lugar sem muito movimento.

Apenas após conseguir prever o valor total de tais despesas é que você poderá descobrir se consegue vender o seu sanduíche por um preço próximo ao da concorrência e que consiga te garantir uma margem de lucro mínima para a sobrevivência do negócio.

Não confundir pró-labore com lucro

Os sócios de uma empresa, ou mesmo os empresários individuais, não devem confundir o lucro de suas empresas com o chamado pró-labore. Caso você seja sócio de uma empresa e também trabalhe nela, uma parte do faturamento deverá ser destinado às suas necessidades básicas, como alimentação, gastos pessoais e demais despesas. O pró-labore é o salário do empresário.

Já o lucro líquido (que deve ser calculado excluindo os gasto com pró-labore) será o valor que os sócios terão que decidir se retiram para si ou se reaplicam na empresa, seja ampliando a capacidade produtiva ou reduzindo eventuais dívidas com bancos ou fornecedores.

Muitas empresas podem até mesmo registrar um prejuízo ou ausência de lucros, o que não quer dizer que o empresário terá que passar fome para tal. A retirada de pró-labore pode ser feita com prioridade ao pagamento de dívidas com fornecedores e bancos, sem configurar fraude contra credores ou administração fraudulenta.

Na atividade empresária é fundamental nunca confundir o patrimônio e manutenção financeira da empresa com sua vida pessoal e gastos particulares.

Busque um contador

Por mais que hoje existam fontes de informações baratas e até gratuitas, caso você esteja começando do zero a melhor dica será sempre buscar o apoio de um contador.

Como eles possuem experiência com vários ramos de atividade e até mesmo do mesmo ramo que o seu, conseguirão agilizar a documentação para abertura da empresa e os passos para uma manutenção saudável de suas contas, além de prever eventuais problemas.

Após os passos iniciais, serão fundamentais também na hora de emitir as notas fiscais, calcular os impostos devidos e realizar o recolhimento das DARFs, guias pelas quais são pagos os tributos devidos.

Dicas de especialistas

Já é praticamente consenso entre especialistas que no início da abertura de um negócio próprio, é mais interessante manter um estoque pequeno de produtos ou matéria prima, do que pecar pelo excesso.

O motivo é que é melhor você ter uma boa surpresa inicial para depois ir regulando seu estoque sem novas faltas de mercadoria, do que ter que lidar com uma sobra significativa já nos primeiros meses de vida de sua empresa, o que costuma causar pânico nos jovens empreendedores.

Além disso, não é recomendável investir 100% de seu capital na hora de abrir sua empresa. Ao abrir uma empresa considere que você precisará ter “em caixa” recursos suficientes para manter seu negócio sem nenhum lucro por ao menos 3 meses – funciona com um fundo de emergência para sua empresa.